segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Entrevista com Indião das bandas Condutoresde Cadáver e Hino Mortal




1) Vamos começar com suas principais lembranças do show que você fez com a N.A.I. E qual importância que você vê naquela apresentação para o movimento punk?

Recordo que estávamos ensaiando na casa do Callegari, e o Nelsinho e os Hélios falaram de fazer um som na escola onde o pessoal da Carolina estudava. Assim foi organizado a NAI, com Hélio no baixo, Callegari na guitarra, Nelsinho teco teco na bateria, e eu nos vocais. O som para muitos foi uma desgraça total, mas na verdade foi uma grande apresentação, pois podemos fazer a anarquia acontecer dentro do sistema educacional, dali foi um passo para criar o alicerce que estruturamos, hoje chamam de punk rock nacional, internacional, na verdade nem era punk, era pra punk, o pessoal que nos fez acreditar que poderíamos ser punks, inclusive o Fábio Casola, Remão, Clemente, Marcelino, Ariel, Douglas, Carlinhos, Barão, Almir (Jotalhão), Mãozinha, Borboleta, Magrão, Zebra, Zebrinha, Coquinha, e tantos outros que estiveram neste princípio, devemos muitos agradecimentos, e pelos que já partiram e foram leais aos princípios musicais revolucionários.

2) E as aparelhagens dos sons, como vocês faziam? Como foi o outro lendário som que rolou na PUC?

O japonês Kaazuo levantou vários sons, inclusive o SESC Pompéia. Kaazuo, um japonês que tinha uma banda chamava-se Vermes, tocavam covers de Stooges e MC5, fez o som na gruta e em vários outros locais, inclusive a aparelhagens dele foi para a PUC e fez o festival Começo do Fim do Mundo com Antônio Bivar, Callegari, Meire, etc. O som dos condutores na PUC, todos endoidaram, até a polícia saiu de lá torta. Em 1.979 estava de moicano espetado, como os hardcore de hoje, o reitor amou o que foi feito, destruímos o salão beta.

3) Rolou alguma treta física?

Briga eu não me lembro de nenhuma, só quando passava o delírio total poderíamos falar que chegamos a brigar, pois quando chegava em casa nem lembrava que tinha ido em algum local por alguns dias.

4) Nos fale sobre o começo do Hino Mortal, e a reportagem que a Rede Globo fez como vocês na época.

O tempo passou muito rápido, demos um tempo com os Condutores de Cadáver e ai rolou uma nova linha hardcore, o Hino Mortal. Tinha os sons na Paulicéia de São Bernardo, acampávamos nas praças, pegávamos fios dos vizinhos, ligava as aparelhagens e pau no gato. Tocavam várias bandas como Passeatas, Hino Mortal, Desequilíbrio Social (DZK), Abutres, Ulster. O Fantástico veio e fez uma proposta pra fazer uma reportagem falando dos punks do abc. A música de fundo seria “Ave Maria”, mas pena que existia a censura, ai foi “Câncer” mesmo. Teve um som na faculdade de direito também, quando o Hino Mortal tocava era engraçado a cena, um bando de policiais chegaram para saber o que estava acontecendo, os punks corriam em volta do palco e os policiais atrás e o Hino cantava “Pare é a Policia”.

5) Nos conte a história do fumo queimado na bíblia?

O nosso guitarrista apareceu com uma bíblia, sei lá de onde ele tirou aquele precioso livro com páginas macias, e apropriadas. O pessoal que fumava, fumou algumas páginas do santo livro, e nós gargalhávamos, com isso seria ate interessante chapar o livro de Paulo, inclusive cantarolávamos uma musiquinha que dizia, vamos acabar com a escola de Pedro de Paulo ou de Saulo.

6) Ainda sobre a década de 80, quais as principais diferenças que existiam entre o movimento em São Paulo e o movimento no ABC?

A única diferença que existia dos punks do abc, e da cidade, era de localidade, um do subúrbio geral, outro da grande metrópole, pois punk é punk em qualquer parte do mundo, sem discriminação de onde foi ou seria. No tocante ter recursos São Paulo tinha maiores, pois tinham suas lojas, mas a força, o vigor de luta, todos eram idênticos, fugitivos do sistema.

7) Quais as principais diferenças que você nota entre o movimento em São Paulo e no Rio Grande do Sul?

São Paulo ainda se concentra a maior força do país, onde acontece de tudo, o sul é mais tranquilo em termos, onde se trabalha mais dentro do equilíbrio, pois tem sindicatos anarquistas atuantes, punks totalmente anarquistas, mas como todos, com condições especiais e deficiência visual do futuro caos.

8) E a história do punk que cagou na viatura?

Um louco que andava com as calças sem bolsos e sem calção, só pra tomar geral, certa vez foi engraçado, tomamos uma geral ele foi o primeiro a ser revistado o policial pegou nas partes íntimas do sexo e fez um grande alarido com a presença da mão no pênis do garoto, bateu em todo mundo e vamos pra delegacia, ao entrar no camburão, ele inicio a seção de peidos, e falou "da pra parar a viatura, que eu quero soltar um barrão" os policiais não acreditaram, ele soltou dentro da viatura mesmo, os policiais quando chegaram no distrito, falaram, "vai limpar", ele passou a mão nas fezes e disse para um deles esticando braço "tudo bem com o senhor?"

9) Obrigado pela atenção Indião! Deixe uma mensagem para os leitores do blog Sub Punk, grande abraço.

Nosso futuro já esta decidido, caminhamos para o linear de uma grande reforma, abraçamos uma causa e ela vem germinando para mim desde 1968. Tudo e todos que cruzaram meu caminho foram bem vindos, e todos que vierem a cruzar também serão, propus a acreditar que somos uma sociedade livre, mentes e corpos sem construir sólidas placas, mas maleáveis para destruir qualquer organização que venha ferir os direitos sociais da humanidade, essa causa lutamos com convicção, salve todos anarquista do planeta terra.

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